segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Dez anos depois, Protocolo de Kyoto falhou em reduzir emissões mundiais


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Dez anos após ter entrado em vigor, o Protocolo de Kyoto tem um diagnóstico claro: o acordo fracassou em reduzir as emissões mundiais de gases-estufa, que cresceram 16,2% de 2005 a 2012.
O pacto internacional, porém, não foi de todo inócuo e teve certo sucesso em conscientizar a sociedade e implantar projetos ambientais, tecnológicos e de desenvolvimento econômico para prevenir o agravamento do aquecimento global.
Concluído em 1997 em Kyoto, no Japão, o protocolo estabelecia metas de redução das emissões de gases-estufa. Só em 2005 ele adquiriu força para entrar em vigor, com a ratificação pela Rússia.
O protocolo teve 189 ratificações, entre elas a do Brasil, em 2002. Mas suas novas metas de redução de emissões de 2013 a 2020, estabelecidas em 2012 no Qatar só tiveram até agora 23 adesões.
Em um balanço, a secretaria da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) destacou que 37 países, a maioria da União Europeia, superaram sua meta de reduzir em 5% suas emissões até 2012.
A agência, contudo, deixou de lado os números do aumento global das emissões e o alerta enfático feito em 2014 por seu braço científico, o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática): não há mais tempo para reduzir a concentração de gases-estufa para que o aumento médio da temperatura da superfície terrestre até 2100 seja inferior a 2ºC.
Essa elevação traria como consequência mais secas, derretimento de geleiras e inundações de zonas costeiras pela elevação dos oceanos.
Para evitar esse cenário, seria preciso estabilizar as emissões até 2020 e reduzir as emissões em 80% até 2050.
PERDAS E GANHOS
"Estou convencida de que sem o protocolo de Kyoto não estaríamos avançados como hoje na crescente penetração das energias renováveis", disse Christiana Figueres, secretária-executiva da UNFCCC.
Figueres também destacou como resultados positivos do protocolo cerca de 7.800 projetos de apoio a países em desenvolvimento, envolvendo benefícios de até US$ 13,5 bilhões para reduzir emissões por desmate e para "sequestro de carbono" da atmosfera por meio de recuperação e ampliação de florestas e e outras ações, inclusive com transferência de tecnologia e geração de empregos.
"Se olharmos quantitativamente para as emissões, o protocolo falhou. Mas sem ele a União Europeia não teria atingido grandes avanços nas reduções", diz o meteorologista Carlos Nobre, que na semana passada deixou o cargo de secretário de Políticas e Programas de Pesquisas e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e assumiu o de diretor do Cemaden (Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), em também do governo federal.
Nobre ressalta que a Alemanha mostrou que é possível reduzir os gases-estufa sem diminuir seu PIB. "Vejo com otimismo esse efeito pedagógico", disse Nobre.
Já para o físico da USP e membro do IPCC Paulo Artaxo, ainda que o tratado tenha aumentado a adesão de novas tecnologias e a conscientização para o que ele chama de "problema mais sério já enfrentado pela humanidade", houve, além do aumento da concentração de carbono na atmosfera, acúmulo de CO2 nos oceanos, o que pode causar desequilíbrios para a vida marinha.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
PERSPECTIVAS
Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, a próxima conferência do clima, em dezembro, em Paris, poderá ter avanços graças ao recente acordo entre EUA (que assinaram mas não ratificaram o Protocolo de Kyoto) e China. Juntos, os dois países são responsáveis por cerca de 45% das emissões globais de carbono.
Para ele, um dos grandes desafios para os governos, inclusive o do Brasil, é o planejamento econômico e energético. Ele afirma que isso ainda é feito sem assimilar as mudanças climáticas, e a atual crise energética e hídrica do país é prova disso.
Fabio Feldmann, secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas e de Biodiversidade e ex-secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, afirma ainda que a redução de desmatamentos no Brasil criou uma "falsa impressão" de que o país pode continuar com os mesmos níveis de emissões em outros setores.
De fato, enquanto as emissões por desmates no país diminuíram 64% de 2005 a 2013, as das atividades agropecuárias e do consumo de energia cresceram, respectivamente, 6% e 42%, segundo o Observatório do Clima. A queda nas taxas anuais de devastação florestal foi determinante para a redução de 33% das emissões totais brasileiras de CO2 no mesmo período. 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Vereadores chamam de 'desumana' a situação de pacientes no Souza Aguiar

Ausência de climatização adequada no hospital agora é alvo de denúncia que será apresentada ao Ministério Público do Rio

FRANCISCO EDSON ALVES
Vereadores chamam de "desumana" a situação de pacientes no Hospital Municipal Souza Aguiar
Foto:  Foto de leitor

Rio - O forte calor que está castigando pacientes internados nas enfermarias do quinto, sexto e sétimo andares que ainda não são climatizados no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, virou objeto de investigação do Ministério Público.Um inquérito para apurar o assunto está em andamento. Nesta quinta-feira, os vereadores Paulo Pinheiro (Psol) e Célio Lupparelli (DEM), da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, realizaram uma vistoria na unidade e constataram as denúncias.
“Encontramos situações desumanas”, resumiu Lupparelli. Ele e Paulo Pinheiro vão encaminhar requerimento cobrando soluções à Secretaria Municipal de Saúde e relatar o que viram ao MP.
“É inaceitável que os pacientes enfrentem esse caos, enquanto o Prefeito manda contingenciar R$ 60 milhões da saúde”, criticou Pinheiro, alertando que a falta de climatização adequada aumenta o risco de desidratação e de infecção em pacientes graves.
No início de janeiro, o órgão propôs a celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e exigiu da Secretaria Municipal de Saúde um cronograma de ações para a solução do problema, que supostamente já teria causado até mortes por conta de proliferação de bactérias em alguns setores. Em nota, porém, o MP informou que ainda aguarda resposta da secretaria, que estaria descumprindo a Lei Municipal 5523/2012, responsável pelo estabelecimento de temperaturas adequadas em ambientes hospitalares.
Fotos e filmagens feitas no dia 19 de janeiro por parente de uma idosa que morreu no mês passado no Souza Aguiar, mostram doentes em situação precária nas enfermarias masculinas, onde nem os ventiladores de teto não funcionam. Nas gravações, pacientes relatam o sufoco que passam com a altas temperaturas e sobre o constrangimento dos familiares, obrigados a levar ventiladores de casa, na tentativa de amenizar a situação. As janelas basculantes abertas nas enfermaria, conforme aparecem nas imagens, contribuem para aumentar os riscos de infecções.
“O Souza Aguiar, o principal público e que trata de grandes traumas emergenciais, é maquiado. No primeiro andar, onde ocorre o atendimento emergencial é climatizado, assim como as salas dos diretores do hospital. Nos demais andares é um inferno”, denuncia X., de 37 anos, autor das imagens. Num dos filmes, um paciente confirma: “Não tem ar-condicionado aqui e somos obrigados a trazer ventiladores de casa”, lamentou.
NO dia 7 de janeiro, o MP entrou com ação civil pública com pedido liminar, através da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, contra o município do Rio e a Organização Social Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim – CEJAM. O processo tramita na 13ª Vara de Fazenda Pública, cujo objeto é a obtenção de provimento jurisdicional capaz de sanar “os críticos problemas constatados no hospital” ao longo das investigações realizadas pelo MP no Inquérito Civil 15678.
A ação também cobra explicações sobre “inúmeros casos de recusa de atendimento de pacientes” que chegam à unidade; sobre a estrutura física do hospital; práticas indiscriminadas e ilegais de troca de plantões, acúmulo de cargos ou funções incompatíveis; qualidade do serviço de acolhimento e classificação de risco dos pacientes; falta de equipamentos (maca ou equivalente). “Por fim, informamos que há ainda outros procedimentos administrativos referentes ao Souza Aguiar para apuração de supostos atos de improbidade administrativa”, destaca a nota.
Resposta da Secretaria Municipal de Sáude
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde alega já ter investido mais de R$ 8 milhões na climatização de suas unidades. “Em todos os hospitais da rede, 100% dos setores fechados (centro cirúrgico, CTI e emergência) são climatizados. Em 2008, dos leitos de internação existentes, apenas 6% estavam em enfermarias com ar condicionado. Hoje, 72% dos leitos já estão em ambientes climatizados. A meta é chegar ao final de 2015 com 80% dos leitos cobertos”, garante o governo municipal.
Na nota, a SMS ressalta que “não houve registro de surto de bactérias em janeiro” e que o Souza Aguiar recebeu melhorias em 2014, contando hoje com um terço de suas enfermarias, além de todos os setores fechados – incluindo o CTI – com ar condicionado.
“A Secretaria Municipal de Saúde vem trabalhando para a ampliação de novas áreas de climatização do hospital, o que depende de adaptações na infraestrutura do prédio, construído na década de 60 sem estrutura para ar condicionado”. Ainda conforme o texto, a unidade tem 395 leitos de internação, com uma taxa média de ocupação de 88,4%. De CTI são 21 leitos, com taxa média de ocupação de 100%.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Visita dos vereadores Célio Lupparelli e Paulo Pinheiro à Maternidade Fernando Magalhães.

Visitei, hoje, juntamente com o vereador Paulo Pinheiro, que é médico como eu, a Maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão, que sempre foi uma referência em toda a Cidade. 

Essa visita, ocorreu, após denúncias do jornal O Dia, sobre o fechamento da CTI, em virtude das obras de reforma da Unidade. O Secretário Municipal de Saúde afirmou que as obras estariam em andamento, sendo este o motivo do fechamento da CTI.

Quando lá chegamos, alguns funcionários da Unidade de Saúde informaram que o CTI estava pronto e nós, vereadores, constatamos, que tais obras já haviam sido concluídas há quase um mês e que o problema é a falta de médicos.

A unidade de saúde conta com cerca de 170 médicos em plantões de 24h/72h, e cerca de 30 estão em processo de aposentadoria, agravando ainda mais a situação.  

O CTI funciona com 5 médicos, alguns fazendo plantões extras, para poder atender razoavelmente a demanda do hospital. Porém, 4 médicos saíram, e com apenas 1 médico não é possível o funcionamento da unidade. Além disso, hoje, dia 09/02/2015, 17 pacientes grávidas, desde as 9 horas aguardavam atendimento.

Sendo assim,conclui-se que a declaração do Secretário não retrata realidade da Maternidade. 

A prefeitura deve contratar médicos  para suprir a falta destes profissionais, não só nesta Maternidade, mas,também,em toda a rede Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. 

Constatamos,ainda, que o orçamento anual desta Maternidade foi reduzido pela Prefeitura, em cerca de 30% nos


últimos 8 anos.